A realidade não é a minha cura. A realidade é como a água da chuva. E não pára de chover. Queremos ser parede, queremos ser suporte. A água escorre e infiltra, a água estraga. Queremos dar tecto. Mas, mais que tudo, queremos ter um tecto. Um dia o tecto desaba. E a culpa é da água. Uma e outra vez chove. Porque todos os anos há inverno. E realidade todos os dias. Coisas. Que são como pequenos terroristas infiltrados e que destroem as ligações, destroem a argamassa. Isolam o tijolo. Desnudam a parede da casa. Que já não é casa. É uma ilusão. Ou pior, não é nem uma casa nem uma ilusão. A realidade. Números. Condições. Veículos de porte médio a descarregar assunto antigo. E nada é novo, não há novidade. A realidade é como aquele vinho que abres e não tens bem a certeza se o sabor será tão bom quanto o anunciado, porque na realidade NÃO PERCEBES NADA DE VINHOS. E menos ainda da realidade.
"A realidade / é a minha cura"? Enganaste-me bem, ó poeta!
"A realidade / é a minha cura"? Enganaste-me bem, ó poeta!
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