"Todos temos um pouco e eu trabalhos tenho muitos!": seria assim que me disse naquela manhã quando eu saia de trabalhar e não quis o café que lhe ofereci? Reencontrei-a dois dias depois e já não se lembrava do dito, provérbio feito e desfeito no momento, os trabalhos esses, eu sei, sempre presentes, oferecidos sem papel de embrulho para disfarçar. Notei-a um pouco mais cheia de cara, embora bonita, claro, como discutir. Os seus anos são os meus, give or take a few. A voz um cristal. A sua mãe uma doente minha e uma mulher perdida nos anos que trabalhou e nas doenças que procura ter, nem sempre com sucesso.
Permita-me que lhe pergunte: que foi feito dos seus sapatos vermelhos?
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